terça-feira, 2 de junho de 2009

Meditações sobre a morte

Ainda que o título deste post possa causar certa estranheza, é sobre a morte que quero falar hoje. Então prossigamos...
Hoje completo mais um ano vivido. Muito ocorreu nesse período de 365 dias que me separaram dos 23 anos e me trouxeram aos vinte e cinco. Sinto-me muito amadurecido por tudo o que se deu nesse intervalo de tempo: chegadas e partidas, encontros e despedidas, acertos e erros, vitórias e derrotas. E, inevitavelmente, recordo-me do que dissera certa vez John F. Kennedy sobre a maturidade: “o critério não é a idade, é o homem”. O que de fato confere a plena estatura a um homem? Seu sucesso? Sua riqueza? Seu saber? Tudo e nada disso ao mesmo tempo.
O homem é o conjunto de suas vivências e a decisão que toma em face de tudo isso. A riqueza de cada ser esconde-se nos vincos e marcas que o tempo vai paulatinamente esculpindo em sua fronte. O tempo é o único horizonte de sentido possível para a tão absurda existência humana. Por que vivemos? Para que existimos? Para realizar nossas aspirações, alcançar o sucesso, acumular riqueza...? O que é tudo isso em face da inexorável e inadiável morte? Sombra. Nada mais.
Vejamos o que nos diz a poesia:

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Seria então a morte a maior das desgraças humanas? Penso que não.
Na esteira de Heidegger, prefiro afirmar que a morte é a doadora de todo o sentido da finita existência humana. O ser humano – o único que existe – é ser-para-a-morte. Vive agora com os olhos no inevitável fim de tudo o que vive: a morte. Todavia, longe de uma conotação negativa ou pessimista, o que tal afirmação traz é uma novidade sem precedentes: o homem deve eivar de sentido toda sua ação para que a morte o encontre pleno do ser. Como já dizia uma canção: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã/porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”
Ontem, na aula de Psicologia Científica, o professor Pe. Anselmo disse algo que calou profundamente em mim: “a morte re-significa a vida”. Assim procuro encará-la. É a morte que permite que façamos escolhas autênticas nesta vida. Seria leviano viver a vida como se no futuro houvesse ainda tempo para refazer tudo o que não foi feito da forma devida.
Hoje, dia em que completo vinte e cinco anos, sinto a morte mais próxima de mim. Isso me recorda a urgência que o amor imprime em nossa vida. Amar é o único modo de burlar o tempo e provar a eternidade ainda agora...
Estar perto de quem verdadeiramente amamos é o sentido maior que podemos encontrar nesta vida! Não troque isso por nada. Nada vale mais!

“Ama e faze o que queres” – S. Agostinho

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