sexta-feira, 17 de julho de 2009

Acerca do sentido da vida II

Após um longo inverno estou de volta e ainda carregando comigo a questão que deixei em minha última postagem: em que repousaria o sentido da vida?
Estive durante todo esse tempo em que fiquei sem postar nada refletindo acerca de tal questionamento. Passo, agora, a apresentar em linhas gerais algo do que pensei nesses dias.
Antes de mais devo confessar que o grande Aristóteles acompanhou-me em todo esse percurso e, não poucas vezes, conferiu-me luz para as conclusões a que cheguei.
Primeiramente, levando em consideração cada ser humano em suas particularidades e aspectos comuns vamos descobrir que é próprio de cada homem buscar a felicidade. O que cada homem deseja visceralmente é ser feliz. Portanto, ainda que de forma incipiente e exclusivamente natural, o sentido da vida humana é a felicidade (levando-se em consideração que o sentido coincide com a finalidade).
Primeiramente me propus investigar se a felicidade não consistiria no que todos hoje entendem por sucesso. O sucesso parece ser uma posição que se alcança pelo lado de fora. É o momento em que algumas pessoas começam a invejar-nos não pelo que somos, mas pelo que temos. Certamente uma vida de aparências não conterá o sentido da vida.
Perguntei-me então se o a felicidade não consistiria no dinheiro, em possuir uma grande conta bancária. Todavia, de forma imediata veio à minha mente que algo que corra o risco de ser roubado não pode coincidir com o sentido da vida e a felicidade. Isso porque pensar em ter o sentido da vida roubado é pensar que outros possuem, ainda que de forma indireta, a decisão sobre o nosso viver ou morrer. E isso é evidentemente absurdo. Se o sentido repousasse em algo desse tipo simplesmente não haveria sentido.
Não gosto, porém, de alongar meus devaneios. Lanço mais uma vez a questão: em que repousaria o sentido da vida? Penso ter lançado pistas que indiquem em quê NÃO consiste o sentido da vida. E já foi lançada ainda que de forma incipiente a idéia de a felicidade seja o sentido da vida. Gastemos pois um pouco mais de tempo na resolução de uma tão urgente questão.
É a dúvida que nos motiva...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Acerca do sentido da vida

Domingo próximo passado estive na CIP – Congregação Israelita Paulista – para mais um ato em favor do diálogo católico-judaico. Foi simplesmente indescritível presenciar o coro dos monges beneditinos entoando árias sacras em companhia da cantora Fortuna.
Todavia, o que me leva a escrever é o reencontro que tive lá na CIP com uma pessoa formidável: um padre amigo, que havia sido meu professor nos tempos de seminário. Encontrei-me com ele e logo nos adiantamos a pôr o assunto em dia – ou seja, tratar daquelas banalidades comuns a todos os homens: tratar de como iam as coisas, quais eram as últimas novidades...
Nossa conversa foi, contudo, ficando mais e mais saborosa e rumando a um fechamento insuspeitável para ambas as partes. Foi então que chegamos àquela que pode ser considerada como sendo a questão mais fundamental a que um ser humano pode chegar: qual é o sentido da vida?

Peço a você, caro leitor, que não se apresse em responder tal indagação, tomando por banal ou simplória uma questão fundamental para o ser humano.

Em que repousaria o sentido da vida?

Deixarei por enquanto esse questionamento. Gostaria de convidar a você leitor para acompanhar-me nesse caminho de elucidação de tal questionamento.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Quando o assunto é amor...


Quando o assunto é amor não importa a idade que se tem, mas a idade que se sente.

Estive lendo Memórias de minhas putas tristes do grandioso Gabriel García Marquez. Trata-se de um livro fabuloso que narra a história de um nonagenário que descobre o amor ao se apaixonar por uma pequena de apenas catorze anos.
Já havia visto García Marquez discorrer sobre o amor em seu não menos espetacular O amor nos tempos do cólera, e devo dizer: ele não perdeu nada de seu vigor e da capacidade de esquadrinhar esse sentimento que nos faz humanos.
A história é resumida pelo próprio autor em seu início: 'No ano que completei noventa anos, quis presentear-me com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem'. A partir desse mote a história se constrói: um ancião que vivera toda sua vida perambulando de bordel em bordel, fugindo do amor, vai, finalmente, provar de tal sentimento ao contemplar uma adolescente de 14 anos adormecida.
O restante da história eu deixo para vocês lerem. Não percam a oportunidade de conhecer García Marquez. É simplesmente indescritível.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Epitáfio


Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Composição: Sérgio Britto

Meditações sobre a morte

Ainda que o título deste post possa causar certa estranheza, é sobre a morte que quero falar hoje. Então prossigamos...
Hoje completo mais um ano vivido. Muito ocorreu nesse período de 365 dias que me separaram dos 23 anos e me trouxeram aos vinte e cinco. Sinto-me muito amadurecido por tudo o que se deu nesse intervalo de tempo: chegadas e partidas, encontros e despedidas, acertos e erros, vitórias e derrotas. E, inevitavelmente, recordo-me do que dissera certa vez John F. Kennedy sobre a maturidade: “o critério não é a idade, é o homem”. O que de fato confere a plena estatura a um homem? Seu sucesso? Sua riqueza? Seu saber? Tudo e nada disso ao mesmo tempo.
O homem é o conjunto de suas vivências e a decisão que toma em face de tudo isso. A riqueza de cada ser esconde-se nos vincos e marcas que o tempo vai paulatinamente esculpindo em sua fronte. O tempo é o único horizonte de sentido possível para a tão absurda existência humana. Por que vivemos? Para que existimos? Para realizar nossas aspirações, alcançar o sucesso, acumular riqueza...? O que é tudo isso em face da inexorável e inadiável morte? Sombra. Nada mais.
Vejamos o que nos diz a poesia:

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Seria então a morte a maior das desgraças humanas? Penso que não.
Na esteira de Heidegger, prefiro afirmar que a morte é a doadora de todo o sentido da finita existência humana. O ser humano – o único que existe – é ser-para-a-morte. Vive agora com os olhos no inevitável fim de tudo o que vive: a morte. Todavia, longe de uma conotação negativa ou pessimista, o que tal afirmação traz é uma novidade sem precedentes: o homem deve eivar de sentido toda sua ação para que a morte o encontre pleno do ser. Como já dizia uma canção: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã/porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”
Ontem, na aula de Psicologia Científica, o professor Pe. Anselmo disse algo que calou profundamente em mim: “a morte re-significa a vida”. Assim procuro encará-la. É a morte que permite que façamos escolhas autênticas nesta vida. Seria leviano viver a vida como se no futuro houvesse ainda tempo para refazer tudo o que não foi feito da forma devida.
Hoje, dia em que completo vinte e cinco anos, sinto a morte mais próxima de mim. Isso me recorda a urgência que o amor imprime em nossa vida. Amar é o único modo de burlar o tempo e provar a eternidade ainda agora...
Estar perto de quem verdadeiramente amamos é o sentido maior que podemos encontrar nesta vida! Não troque isso por nada. Nada vale mais!

“Ama e faze o que queres” – S. Agostinho

domingo, 31 de maio de 2009

Segredos do Poder - Filme

Ontem à tarde tive a oportunidade de assistir a um bom filme: Segredos do Poder (Primary Colors).
Trata-se de um filme que mostra os bastidores da candidatura presindencial de um político que reúne em si a grandeza dos gestos humanos (a preocupação com a sorte do próximo) e a baixeza de não controlar seus vícios (trata-se de um mulherengo inveterado).
É um filme que fala dos jogos do poder, de como as coisas se dão na esfera política. Mostra também que existem pessoas que ainda vivem alimentadas por seus sonhos e ideais (basta pensar na personagem de Kathy Bates - que por sinal tem uma atuação admirável e fantástica).
Inevitavelmente fui remetido a Nicolau Maquiavel e a cisão entre ética e política que a partir da modernidade tornou-se regra.
Um filme que vale ser visto (principalmente porque alguns afirmam ter sido baseado na história de Bill Clinton) com senso crítico, para não cairmos na fábula de que os fins justificam os meios empregados para alcançá-lo (o argumento da personagem dizia que se não utilizasse meios "não-ortodoxos" não alcançaria o poder e não poderia empreender as reformas que sonhara...).
Trata-se de um filme que nos deve fazer despertar a consciência política e nosso papel de participação na transformação de nossa sociedade.

sábado, 30 de maio de 2009

Inicia-se um novo tempo...

Devo confessar que durante muito tempo resisti à idéia de ter/criar um blog. Sou um amante do que é feito à moda antiga: livros, cartas, palavra dada etc. Contudo, é inegável que com a voracidade com que Chronos tem devorado o tempo, e do modo como as coisas tem acontecido (freneticamente, digamos), percebo tornar-se um imperativo a necessidade de acessar e me utilizar das novas tecnologias que permitem à vida acontecer de modo mais onipresente e (porque não dizer) global.
Pretendo que esse espaço que ora está sendo criado seja local de fecundo diálogo entre pessoas, e que não sirva para "virtualizarmos" a riqueza das relações humanas. Sirva, antes, para encurtarmos os espaços e para que muitas pessoas caibam num só abraço (como fazia dizer a canção).
Para que as novas tecnologias sirvam à humanidade em sua tarefa de tornar-se mais humana...