terça-feira, 23 de junho de 2009

Acerca do sentido da vida

Domingo próximo passado estive na CIP – Congregação Israelita Paulista – para mais um ato em favor do diálogo católico-judaico. Foi simplesmente indescritível presenciar o coro dos monges beneditinos entoando árias sacras em companhia da cantora Fortuna.
Todavia, o que me leva a escrever é o reencontro que tive lá na CIP com uma pessoa formidável: um padre amigo, que havia sido meu professor nos tempos de seminário. Encontrei-me com ele e logo nos adiantamos a pôr o assunto em dia – ou seja, tratar daquelas banalidades comuns a todos os homens: tratar de como iam as coisas, quais eram as últimas novidades...
Nossa conversa foi, contudo, ficando mais e mais saborosa e rumando a um fechamento insuspeitável para ambas as partes. Foi então que chegamos àquela que pode ser considerada como sendo a questão mais fundamental a que um ser humano pode chegar: qual é o sentido da vida?

Peço a você, caro leitor, que não se apresse em responder tal indagação, tomando por banal ou simplória uma questão fundamental para o ser humano.

Em que repousaria o sentido da vida?

Deixarei por enquanto esse questionamento. Gostaria de convidar a você leitor para acompanhar-me nesse caminho de elucidação de tal questionamento.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Quando o assunto é amor...


Quando o assunto é amor não importa a idade que se tem, mas a idade que se sente.

Estive lendo Memórias de minhas putas tristes do grandioso Gabriel García Marquez. Trata-se de um livro fabuloso que narra a história de um nonagenário que descobre o amor ao se apaixonar por uma pequena de apenas catorze anos.
Já havia visto García Marquez discorrer sobre o amor em seu não menos espetacular O amor nos tempos do cólera, e devo dizer: ele não perdeu nada de seu vigor e da capacidade de esquadrinhar esse sentimento que nos faz humanos.
A história é resumida pelo próprio autor em seu início: 'No ano que completei noventa anos, quis presentear-me com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem'. A partir desse mote a história se constrói: um ancião que vivera toda sua vida perambulando de bordel em bordel, fugindo do amor, vai, finalmente, provar de tal sentimento ao contemplar uma adolescente de 14 anos adormecida.
O restante da história eu deixo para vocês lerem. Não percam a oportunidade de conhecer García Marquez. É simplesmente indescritível.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Epitáfio


Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Composição: Sérgio Britto

Meditações sobre a morte

Ainda que o título deste post possa causar certa estranheza, é sobre a morte que quero falar hoje. Então prossigamos...
Hoje completo mais um ano vivido. Muito ocorreu nesse período de 365 dias que me separaram dos 23 anos e me trouxeram aos vinte e cinco. Sinto-me muito amadurecido por tudo o que se deu nesse intervalo de tempo: chegadas e partidas, encontros e despedidas, acertos e erros, vitórias e derrotas. E, inevitavelmente, recordo-me do que dissera certa vez John F. Kennedy sobre a maturidade: “o critério não é a idade, é o homem”. O que de fato confere a plena estatura a um homem? Seu sucesso? Sua riqueza? Seu saber? Tudo e nada disso ao mesmo tempo.
O homem é o conjunto de suas vivências e a decisão que toma em face de tudo isso. A riqueza de cada ser esconde-se nos vincos e marcas que o tempo vai paulatinamente esculpindo em sua fronte. O tempo é o único horizonte de sentido possível para a tão absurda existência humana. Por que vivemos? Para que existimos? Para realizar nossas aspirações, alcançar o sucesso, acumular riqueza...? O que é tudo isso em face da inexorável e inadiável morte? Sombra. Nada mais.
Vejamos o que nos diz a poesia:

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Seria então a morte a maior das desgraças humanas? Penso que não.
Na esteira de Heidegger, prefiro afirmar que a morte é a doadora de todo o sentido da finita existência humana. O ser humano – o único que existe – é ser-para-a-morte. Vive agora com os olhos no inevitável fim de tudo o que vive: a morte. Todavia, longe de uma conotação negativa ou pessimista, o que tal afirmação traz é uma novidade sem precedentes: o homem deve eivar de sentido toda sua ação para que a morte o encontre pleno do ser. Como já dizia uma canção: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã/porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”
Ontem, na aula de Psicologia Científica, o professor Pe. Anselmo disse algo que calou profundamente em mim: “a morte re-significa a vida”. Assim procuro encará-la. É a morte que permite que façamos escolhas autênticas nesta vida. Seria leviano viver a vida como se no futuro houvesse ainda tempo para refazer tudo o que não foi feito da forma devida.
Hoje, dia em que completo vinte e cinco anos, sinto a morte mais próxima de mim. Isso me recorda a urgência que o amor imprime em nossa vida. Amar é o único modo de burlar o tempo e provar a eternidade ainda agora...
Estar perto de quem verdadeiramente amamos é o sentido maior que podemos encontrar nesta vida! Não troque isso por nada. Nada vale mais!

“Ama e faze o que queres” – S. Agostinho