quarta-feira, 20 de julho de 2011

No Dia do Amigo

 Aqueles que me conhecem de perto (e sabem que não sou nada normal... he he) sabem o quanto não tenho apreço por datas pré-fabricadas. Às vezes me esforço, mas não adianta: não sou capaz de ter qualquer estima pelas mesmas.
Todavia, não me deixo enganar: sei que sou eu mesmo e o meu contrário... E por isso decidi render-me à presente data e escrever. Explico-me: continuo não vendo graça alguma numa data como a de hoje; mas aproveitarei tal ensejo para homenagear aquelas pessoas que independem do calendário para tornar minha vida mais completa, a saber, meus amigos e amigas.
Perguntei ao “Oráculo” qual o origem da comemoração nesta data. E tive a grata surpresa de saber que tudo se originou com um nosso “hermano” que escreveu quatro mil cartas para pessoas ao redor do mundo a fim de comemorar a chegada do homem à lua. Sua mensagem postulava que a união dos homens era suficiente para se alcançar qualquer objetivo que se propusesse. Bonito, não?
Agora deixando a amenidades inúteis de lado, partimos ao que de fato interessa: a figura do amigo. Do que se trata? (eita Filosofia besta que sempre se ocupa de inquirir o quid de cada coisa!). Não pretendo aqui escrever um tratado metafísico acerca da essência da amizade. Pretendo, antes, descrever alguns elementos que nos permitam acercar-se de tal fenômeno.
Amizade não tem explicação. Este é seu primeiro elemento inconteste. Os amigos se fazem da mesma matéria daquilo que costumamos chamar vida. Essa vida besta e sem sentido com a qual todos fomos presenteados. Essa vida que não se explica; antes se vive com a certeza de que nunca a teremos numa medida que baste.
A amizade nasce no limite. Somente quando ficamos diante de alguém, completamente despidos de todas as máscaras tecidas pela hipocrisia que parece ser o principal aspecto do que os modernos chamaram “contrato social”, é que o amigo se pode mostrar. É neste momento crucial que a amizade se pode fazer: quando somos acolhidos não pelo que somos, mas principalmente por aquilo que ainda não somos.
Amigo é espelho. É aquele que mostra a verdade acerca de nós. Não aquela verdade benigna que costumamos nutrir sobre nós mesmos, mas, sim, aquela verdade pedagógica que indica o caminho do crescimento. O olhar do amigo é performático: realiza em nós a certeza (que o amigo sempre tem) de que “há um jeito de ser bom de novo”.
Além de tudo isso, o amigo conserva em si a o eterno frescor escondido na permanente capacidade nos surpreender. Passam-se os anos, e um breve encontro é capaz de trazer a eternidade do amor para dentro de um instante. É nesses momentos que percebemos que os amigos se conservam os mesmos ainda que estejam tão mudados.
Por fim, amigo é aquele que luta por nós. Ninguém mais que o amigo sabe das mazelas e contradições que carregamos no coração. Mas basta que alguém levante a menor acusação contra nós para que o amigo se levante em nosso favor. E não há nada mais gratificante do que saber que amigos são para sempre.  Não importa o que aconteça: eles estarão sempre de braços abertos a nos esperar.
Encerro com a firme convicção de que minhas palavras nada mais são que pálida imagem da amizade. Abro espaço para que a arte traga a nós o inefável escondido em cada amigo e amiga:

Arvoreando
Flores são todas as cores
De tantos amores
Que eu nunca esqueci
Límpida passa no peito essa seiva
Verdade que me une a você
Livre de toda a maldade
Essa tal de amizade pra mim é raiz
Que deixa marcas no solo
É a beleza do colo, do ombro e do sim
Necessidade da terra
Presença
Essencial para a vida
A sua maneira de ser para mim
Já poda o que há de ruim
A minha vontade de ser pra você
Feito sombra, descanso sem fim
E se algum dia esquecer de mim
Só se lembre que eu tenho raiz
Só se lembre que estou por aqui
Necessidade da terra
Presença
Essencial para a vida
A sua maneira de ser para mim
Já poda o que há de ruim
A minha vontade de ser pra você
Feito sombra, descanso sem fim
E se algum dia esquecer de mim
Só se lembre que eu tenho raiz
Só se lembre que estou por aqui

2 comentários:

  1. Assino!!! Concordo!!!
    E faço minhas as suas palavras e as dedico aos meus tantos, ou tão poucos amigos!

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  2. De amigo pra amigo, quero parabenizar-te pelas belas e sábias palavras que descrevem de maneira um tanto poética o que vem a ser AMIZADE.

    Um beijo!!

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